A Moda Sustentável Voa Alto.
A marca inglesa People Tree é a queridinha entre celebridades e pioneira no comércio justo - um exemplo de empresa de moda verde / Fotos: Divulgação
Enfim,
a moda sustentável alçou vôo no século 21 e passou de uma simples
tendência para um comportamento. Deixando o básico de lado para buscar
destaque em vitrines e passarelas de todo o mundo, a moda responsável
encontrou espaço entre os estilistas e hoje é um rentável ponto de
encontro entre as grandes marcas e a elegante consciência verde.
"Indústria" da moda sustentável
Indo
além dos tecidos “inteligentes” (menos agressivos ao meio ambiente),
promovendo o comércio justo e com responsabilidade social atrelada à
produção, a moda sustentável abraçou o ideal de equilíbrio entre
natureza, economia e sociedade para alcançar o novo consumidor, mais
exigente e preocupado com as pegadas que deixa sobre o planeta.
Incorporando
às criações de vestuário valores como consumo consciente e
personalidade, a moda engajada ganhou poderosos defensores em todo o
mundo, que vão desde as cooperativas de moda artesanal ao mais alto
público da moda de luxo. A editora da revista Vogue, Anna Wintor, uma
das primeiras a citar em um editorial o tema moda atrelado à ecologia,
deixou o recado: “fashion não é sobre olhar para trás, é sobre olhar
para frente”.
A fusão entre uma grande marca e uma estilista preocupada com a sua pegada ecológica só poderia resultar em um produto viável, rentável e responsável - este foi o caso da parceria entre Stella McCartney e a gigante Adidas
E foi percebendo que o "verde é o novo
pretinho básico" que produtores e consumidores transformaram o conceito
em sinônimo de glamour, originalidade e responsabilidade, e deram início
a criação de uma nova cadeia de produção de moda, voltada, justamente,
para o olhar “a frente”.
Entre os nomes que têm despontado na nova vertente da indústria fashion, um dos mais influentes é o da estilista inglesa Stella McCartney.
Com suas roupas sofisticadas - objetos de desejo de mulheres em todo o
mundo – a filha do músico Paul McCartney é prova de que é possível unir
elegância, responsabilidade e rentabilidade em uma mesma peça.
Entre
as suas positivas transformações na moda mundial, Stella apresentou
coleções luxuosas sem o uso de couro de vaca e peles de animais, criou
uma linha exclusiva para a Adidas produzida com tecidos de PET reciclado
e algodão orgânico, e desenvolveu uma linha de lingerie feita somente
com a fibra natural. E mesmo com as suas lojas abastecidas por energia
eólica e utilizando sacolas de papel reciclado ou feitas de milho
biodegradável para entregas, o novo símbolo do movimento eco fashion
assume não ser totalmente sustentável e defende que “alguma coisa é
melhor do que nada”. “Nós temos que pensar e agir responsavelmente”,
afirma Stella.
A bolsa de algodão da designer Anya Hindmarch que trazia a frase 'I'm not a plastic bag' ('Eu não sou de plástico') causou frisson no mundo da moda e virou sinônimo de consciência e estilo em todo o mundo
Quem adota uma postura semelhante é a estilista Vivienne Westwood.
Famosa por vestir ícones da moda, como a personagem Carrie Bradshaw, no
filme Sex and the City, Vivienne desenvolveu um manifesto em prol do
consumo com qualidade e não com quantidade. “Temos que comprar menos e
escolher melhor”, defende.
“A moda vai e vem muito rápido.
Gostaria de não ter que produzir tantas coleções. Gostaria de fazer
menos e cada vez melhor”, completa a estilista, apoiada por antigos
“conselhos” da lendária Coco Chanel, que não se conformava com as
mulheres que dispensavam um guarda-roupa inteiro a cada estação. “A
atitude denota muito dinheiro, mas pouco estilo”, dizia Chanel.
E
mais indícios de que a moda sustentável veio para ficar surgem a todo o
momento. Grandes grifes como Armani e Levis já se renderam à causa e
lançaram linhas especiais de roupas com algodão orgânico. A gigante
Cartier, que lidera um programa mundial de certificação na exploração de
pedras preciosas, e a “bonequinha” da moda Tiffany & Co, que abriu
mão dos corais naturais na fabricação das suas joias, também são
exemplos de que o conceito já faz parte do comportamento da moda
mundial.
Sapatos, acessórios, vestidos e peças intímas: tudo ganhou sua respectiva versão "sustentável" para chegar ao público "sustentável"
Aqui
no Brasil, o pioneirismo fica por dos estilistas, que trabalham
defendendo conceitos como a reutilização de tecidos, a redução de
resíduos e a reciclagem do que parecia perdido para o mundo fashion.
Nomes como Geová Rorigues, Priscila Gomide e Carollina França caminham a passos largos na representatividade brasileira dentro do cenário dos estilistas susntentáveis.
Entre
as grifes nacionais, pequenas marcas, que utilizam materiais
alternativos menos agressivos e valorizam as pequenas comunidades que
participam da cadeia produtiva, também ganharam força e hoje se
transformaram em grandes nomes do mercado da moda, sempre ligados aos
conceitos sustentáveis.
É o caso da grife brasileira Osklen,
que utiliza mais de 20 tipos de materiais de origem reciclada,
orgânica, natural e artesanal em suas roupas, como fibras de PET, bambu e
cânhamo. A empresa ainda trabalha com produtos de comunidades e
cooperativas, ajudando no desenvolvimento sócio-econômico dos grupos
envolvidos ao longo da cadeia de produção, como a juta de Castanhal, no
Pará, que produz os acessórios da coleção da grife.
Em destaque, o tecido de paetês da Osklen, feito com látex sustentável, extraído responsavelmente e em parceria com comunidades de borracheiros
Outra marca bem sucedida é a Éden Organic
Style. Localizada no bairro de Vila Madalena, a marca paulista possui
fornecedores próprios de algodão orgânico, todos certificados pelo
Instituto Biodinâmico (IBD), e utiliza produtos químicos alternativos,
como açúcar invertido e corantes naturais, para garantir que a textura,
lavagem e cores das peças (inclusive de calças jeans) fiquem bonitas de
maneira responsável.
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